Um Grande Amor!!!

Uma Italiana, um grande amor.
Éramos dois a dividir o grande amor dessa grande mulher cujos cabelos louros e os olhos azuis causavam paz e conforto ao mesmo tempo.

Dos dois que dividiam esse amor, sempre soube que eu não era o preferido mas isso não queria dizer nada.

A distância apareceu e eu fui embora, o outro ficou mais perto dela do que eu e naturalmente os seus laços se estreitaram.

O tempo (maldito tempo) passou e o outro continuou por perto usufruindo também do seu amor puro e singelo e ao mesmo tempo lhe fazendo companhia, uma companhia sincera que outrora eu duvido que ela tivesse tido de alguém.

Lembranças de férias em sua casa, saudades de uma voz bastante polida a acordar-me de manhã para a praia e para um pequeno-almoço Italiano é claro.
Lembranças do melhor Bolo Floresta Negra alguma vez confeccionado por um mortal.

Mesmo sabendo que eu não era o preferido ela tratava-me com igualdade e dignidade.
O seu sorrizo iluminava um apartamento numa praia de sonho com paredes cobertas de pinturas feitas pelas suas próprias mãos.
Pinturas e porcelanas vencedoras de prémios, mas o melhor dos prémios era eu poder dizer que ELA era minha.

Dos meus cabelos compridos até ao meio das costas eu adormecia com as suas mãos macias e perfeitas acariciando a minha cabeça com aquela idade ainda inocentemente deitada no seu colo.

Sempre com respeito a dirigir-se a mim, sempre com carinho e amor, um amor Italiano e as vezes tosco mas sempre sincero.

O destino separou o nosso triângulo, o Gabriel deixou para trás tudo e todos mas nunca deixou o seu amor.
O Rafael permaneceu por perto, sendo o único que pelo que me parece ainda a visitava com alguma frequência.

Um dia, os Anjos resolveram levá-la pelas suas mãos e para sempre fisicamente o nosso triângulo foi desfeito.

Para mim, nesse dia, os Anjos perderam a medida da maldade e num piscar de olhos a ferrugem se instalou no meu rosto (mesmo sendo eu alguém pouco sorridente).

Chorei pela sua perda com a mesma intensidade que chorei pelo nascimento do meu grande Amor.
Um pedaço de mim envelheceu e adoeceu nesse dia, palavras nunca antes ditas por mim.

Na sala da minha actual casa repousa a sua fotografia e as vezes tenho uma certa timidez de lhe encarar olhos nos olhos.

Desde então o pior sentimento para mim instalou-se como um parasita no meu peito, a Angústia.

Angústia de tê-la deixado partir sem dizer o que aqui escrevo frente a frente.
Angústia de não ter estado com ela para segurar as suas mãos aveludadas no seu último suspiro.
Angústia de ser impotente nesta hora.
Angústia por não saber se mesmo não sendo o preferido eu era amado.

E a pior das Angústias, não deixei que ELA soubesse que mesmo eu não sendo o preferido eu a amava muito.

Desde o dia da sua partida eu me tornei um pouco mais infeliz.

Um dia quem sabe eu poderei lhe dizer o quanto eu lhe amava e amo.

Para já, vou vivendo com a minha angústia e com a culpa de ter sido frio ao ponto de achar qua a exposição dos meus sentimentos não fazia diferença.

Havia tanta coisa para dizer, haviam tantos momentos para viver, mas...

Beijos e Braços