quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Ao Vivo (em directo)

A noite está calma, nenhuma sirene lá fora.
Hoje o céu não chora e nada de indelicado me acompanha.

Os meus movimentos estão lentos e uma certa fadiga cotidiana hoje não se faz convidada da minha pessoa.

Ouço uma música num tom bem baixo para não despertar um coração cansado.
Final de semana atribulado, sentimentos misturados e emoções quase à flôr da pele.

Tenho uma tatuagem nova, mais uma marca por muitos caracterizada como cafagestismo, que se lixe, sou cafageste mas sou feliz.

Como diria Ney Matogrosso:

"Eu juro que é melhor, não ser um normal, se eu posso pensar que Deus sou eu..."

A minha música ainda toca, nada se passa na rua e nenhum vizinho resolveu arrastar móveis pela casa as 23:30.

Procuro controlar esta espécie de vazio momentâneo, mas ao mesmo tempo me faz bem.
Não sei dos meus telemóveis, ouço apenas as batidas cujos decibéis me levam e me trazem para onde querem.

Não, não estou drogado...
Sim, estou feliz...

Como a música me faz lembrar discotecas pensei que talvez pudesse mandar um SMS ao DeeJay para que aparecesse a mensagem na tela gigante da discoteca, mas será que interpretariam?
Será que esta indireta foi para alguém?

Hoje, mais cedo, estive a ler sobre o Crime.
Estive a ler os efeitos primários e secundarios de um ato criminoso.

"O crime é venerado e posto em uso por toda a terra, de um pólo à outro se imolam vidas humanas".

Esta leitura me fez lembrar o meu tatuador, gente fina, papo cabeça e exótico.
Enquanto me tatuava falávamos de Che Guevara e Libertas quae sera tamen.

Falávamos de ídolos e ideologias, a propósito, eu quero uma para viver.

Não tenho janelas indiscretas que me conduzem os olhares para uma romena sedutora do outro lado da rua, do outro lado da rua apenas vizinhas alopradas.

Só me resta mergulhar ainda mais na música e me preparar para mais uma noite de sono tendo um controle remoto de uma televisão como companheiro.

O resto da casa paira num silêncio quase absoluto, ouço apenas as respirações e me sinto orgulhoso por ser eu o protetor.

"Velei teu sono, fui teu amigo e te levei comigo e para mim o que é que ficou?"

As coisas vão acontecendo naturalmente, as vezes com um empurrãozinho para o destino não pensar que manda sozinho.

Prometo que em 2008 vou ler OSHO, para tentar me libertar de algumas prisões...

...Mas até lá, quem vai acreditar no meu depoimento...

...Dia 09 de janeiro, diário de um detento!!!

Beijos e abraços

4 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia poeta!
Adorei o teu post!

Neste momento, ao contrário do teu silêncio de ontem, o coração tenta sair-me pela boca, tal Caterpillar, ainda não percebi muito bem o porquê...

O meu coração anda fechado em copas, triste e cansado como o teu... pelos mesmos motivos e por motivos que nos são tão alheios...

Fico feliz que estejas feliz, triste por não poder acompanhar os décibeis do teu coração nesse momento, mas nem sempre estamos presentes quando queremos, à hora que queremos...

Essa indirecta foi para alguém?!

Obrigado por velares o nosso sono!

Beijo bom!

PHANTASMA disse...

Cindy:

O teu coração pede a tua atenção.
Sabes bem que estás sempre presente.

Ainda bem que o controle remoto não tem sentimentos, senão ainda ficava rabugento por um copo de leite achocolatado :P

Beijo bom!!!

Anónimo disse...

Por vezes a solidão também nos faz bem.
É nessa altura, nesses momentos que realmente sabemos quem somos, que como se diz " se cai na real".
E que por vezes somos mais felizes ...felizes como se nada no Mundo nos importasse.
Continuação..
Abraços

AC disse...

Trocam-se Romenas por Pinhais...

Osho?? Mas tu não te querias libertar???

Liberto ando eu por uns dias, quase 6 dias de fotografia, sabe a reforma, mas feliz isso não, nunca.

Como dizia um amigo meu: se alguma vez me sentir feliz, suicido-me para agarrar o feeling :) continua vivo e infeliz... deve ter medo.

E tu continua velante e de coração cheio, detento do que és porque assim te gosto.

Abraço